“Nunca pensei que tal mundo
com sermões o implantaria.
Sei que traçar no papel
é mais fácil que na vida.
Sei que o mundo jamais é
a página pura e passiva.
O mundo não é uma folha
de papel, receptiva:
o mundo tem alma autônoma,
é de alma inquieta e explosiva.
Mas o sol me deu a idéia
de um mundo claro algum dia.
Risco nesse papel praia,
em sua brancura crítica,
que exige sempre a justeza
em qualquer caligrafia;
que exige que as coisas nele
sejam de linhas precisas;
e que não faz diferença
entre a justeza e a justiça.”
Um comentário:
- O poema foi extraído do AUTO DO FRADE de João Cabral de Mello Neto.
- A pintura faz parte do painel FREI CANECA E A REVOLUÇÃO DE 1817 de Cícero Dias, em exposição na Casa da Cultura, no centro do Recife.
Postar um comentário