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15 de out. de 2007

Resultado da enquete sobre fidelidade partidária

80% dos leitores do blog concordam que o mandato pertence ao partido político e não ao candidato. A pesquisa da CNT/SENSUS divulgada hoje (15/10) diz que 48,7% dos entrevistados defendem que o mandato pertence ao candidato e 38,3% ao partido. Entretanto, a decisão do STF sobre fidelidade partidária é aprovada por 54,2% dos entrevistados.

A enquete dessa semana traz a seguinte pergunta: VOCÊ COM CONCORDA COM A EXTINÇÃO DO SENADO FEDERAL?

O resultado será divulgado na próxima segunda-feira, 22/10.

Veja aqui a pesquisa CNT/SENSUS.

Ainda sobre Che Guevara...

Alberto da Cunha Melo

Cancioneiro para o Terceiro Mundo

Os povos mascates
vendem as sobras do céu,
das secas, dos saques
e das tempestades.
Vendem o lixo dourado
de todos os suis
nas esquinas dos cegos;
e, quando os cargueiros desovam,
na ferrugem dos portos,
sem pacotes de sonho,
os povos mascates
já não vendem mais nada,
compram viagens para dentro
de suas velhas
e provisórias derrotas
e, depois, voltam a vender
sapatos, pulseiras, colares
e esperanças de plástico.

Na vida malfeita,
ainda assim,
não há vagas,
falta o que fazer;
por isso, as legiões
de caçadores de calçada
(entre a loto e o assalto)
voltam sempre a crescer.
No mundo incompleto,
ainda assim,
aumentam-se os desertos,
e um pedaço de asa
apodrecida espedaça-se
entre pássaros negros
e os tais aventurados, os mansos.

Dezesseis por cento
de todos
desfrutam
setenta por cento
de tudo.
Estes números falam
do trigo
e suas tempestades;
falam do milho
e suas multidões.
Os cereais não sabem
que dividem a Terra
e curvam, solícitos,
para todos os ventos
os seus pendões.
Os minérios não sabem
que separam os homens
e moram mudos
no mundo imutável,
como os sabres,
as colheres
e as agulhas,
como o certo
e o errado
no fundo neutro
do mundo.

Nossos sábios são poucos
e sugam com seus bicos
franceses, e catarrentas
gargantas saxônicas,
as luzes opacas
de estranhos poentes,
e se exaltam diante
de títulos e túmulos,
tal os filhos tardos
e abortivos de Zaratrusta;
enquanto nas salas
de noturnas aulas
adormecem de sono
os que irão herdar,
de manhã a manhã,
as douradas correntes
do seu amanhecer.

Aprendemos a ler
a formação dos formigueiros
no leito pétreo dos rios,
anunciando mais cinza
na pele das folhas,
sob a eternidade do sol;
e aprendemos a ler
na pauta musical
dos caborés, corujas e bacuraus
o anúncio comercial
de nuvens inchadas
navegando silenciosas sobre nós;
e aprendemos a ler
no canto das cigarras
o desastre que a terra,
nossa única escola,
nos prepara;
e aprendemos a ler,
nos cadernos dos rostos
mais feios,
quando a lua, os celeiros
e os corações estão cheios.

Plantamos para longe
o açúcar mais branco,
a banana mais cheia,
o mais puro café.
Aprendemos a plantar
cedo, para muito longe.
Os planos estão satisfeitos
mas os homens choram
em suas choupanas de verdade.
Fizemos justiça ao metal
Que mereceu um visto para longe;
à planta mais eugênica,
demos-lhe uma embalagem de luxo
e um passaporte para a França.
Só os homens ficaram
com os filhos enfermos
e a terra longa
e alheia
para, sem fuga e sem amor,
continuar.

Professor estadual de Pernambuco é o mais mal pago do País

A Folha de S.Paulo publicou na sua edição de hoje (15/10) uma tabela onde mostra que o salário do professor estadual em Pernambuco, por hora-aula, é o mais baixo do País (R$ 3,03). O levantamento, feito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação e confirmado pela reportagem da Folha via telefone, levou em conta os pisos os professores que têm licenciatura plena (curso superior). Os mestres do Acre, Roraima, Tocantins e Alagoas ganham quatro vezes mais que os pernambucanos.

Eis a tabela completa:

Estado (Valor da hora-aula em R$)
Acre (13,16)
Roraima (12,89)
Tocantins (12,62)
Alagoas (10,46)
Mato Grosso (9,04)
Rio de Janeiro (8,78)
Amazonas (8,31)
São Paulo (8,05)
Paraná (7,53)
Rio Grande do Norte (7,23)
Maranhão (7,21)
Goiás (6,77)
Amapá (6,71)
Paraíba (6,65)
Rondônia (6,47)
Espírito Santo (6,44)
Minas Gerais (6.25)
Bahia (6,14)
Distrito Federal (5,77)
Mato Grosso do Sul (5,65)
Rio Grande do Sul (5,39)
Sergipe (5,27)
Pará (5,08)
Santa Catarina (4,93)
Piauí (4,62)
Ceará (4,46)
Pernambuco (3,03)

Frei Caneca é reconhecido como herói da Pátria

Finalmente o Brasil reconheceu um dos seus maiores heróis! A lei 11.528/2007 inscreveu o nome de Frei Caneca no Livro dos Heróis da Pátria.

Joaquim da Silva Rabelo, o Frei Caneca, nasceu em Recife/PE, em agosto de 1779. Em 1796, recebeu o hábito da Ordem do Carmo, quando passou a se chamar Joaquim do Amor Divino, nome posteriormente acrescido do apelido Caneca, decorrente da profissão de tanoeiro do pai. A partir de 1801 estudou no recém-fundado Seminário de Olinda, onde se diplomou em filosofia, retórica e geometria. Iniciou sua produção em retórica e a carreira de professor em 1802, lecionando na ordem dos carmelitas.

Foi preso aos 37 anos por participar da Revolução Republicana de 1817 e enviado a Salvador, onde ficou enclausurado por quatro anos. Ao sair da prisão, em 1821, retornou a Recife e participou da primeira junta governativa de Pernambuco. No ano seguinte, Caneca publicou a Dissertação Sobre o Que se Deve Entender por Pátria do Cidadão e Deveres deste para com a Mesma Pátria, um de seus textos mais importantes. No ano da Independência, escreveu o Sermão Apologético da Aclamação, proferido na Igreja do Corpo Santo, por ocasião da aclamação de dom Pedro I.

Em 1823 escreveu Cartas de Pítia a Damão e lançou o jornal Tifís Pernambuco, que duraria 28 edições. Erudito influenciado pela maçonaria e fiel ao ideal iluminista de soberania, Caneca aderiu em 1824 ao movimento republicano separatista da Confederação do Equador. Acossado, tentou fugir para o interior, mas foi preso e condenado à morte por uma comissão militar. No dia 13 de janeiro de 1825, frei Caneca foi fuzilado em Recife.

Clipping jurídico

Nova lei dos estágios
Em vias de ser aprovado no Senado, o projeto de lei que regulamenta o estágio de estudantes de educação superior e de ensino médio é alvo da resistência de entidades do setor, que tentam inserir na proposta regras mais flexíveis para evitar uma possível demissão em massa dos estagiários. O Projeto de Lei 44, de 2007, altera a Lei dos Estágios — a Lei 6.494/1977 — limita o número máximo de estagiários contratados pelas empresas e fixa um prazo para o período de estágio. De acordo com reportagem do Valor Econômico, as restrições estabelecidas pelo projeto de lei, de autoria do Poder Executivo, vão ao encontro de uma postura rígida adotada pela Justiça trabalhista nos últimos anos em processos envolvendo contratos de estágios considerados inadequados. Hoje, existem 600 mil no país, de acordo com estimativas do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE).

Violência no trânsito
O jornal O Globo informa que o governo federal vai proibir a venda de bebidas alcoólicas em postos de gasolinas, bares e qualquer estabelecimento a menos de 50 metros de uma rodovia federal. A Medida Provisória que trata do assunto está pronta para ser assinada pelo presidente Lula. O texto proíbe a venda de cerveja, vinho, uísque e cachaça nas áreas próximas as BRs. Os transgressores podem pagar com penas de multas e cancelando de alvarás. O objetivo é reduzir a violência no trânsito que faz 35 mil mortos por ano no Brasil.

Fraude nas empresas
A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional informou, na semana passada, que estelionatários têm entrado em contato com empresas em nome do órgão oferecendo serviços de regularização de débitos mediante depósitos em contas bancárias. O procurador-chefe da Fazenda Nacional no Rio de Janeiro, Eduardo Boquimpani, afirma que foram registradas seis denúncias até agora, desde o primeiro caso constatado, em maio — todos no Rio de Janeiro. O procurador explica que o contribuinte deve estar atento, pois a PGFN não oferece qualquer serviço de assinatura de periódico ou de assessoria a empresas com débitos tributários. A informação é do Valor Econômico.

Uso de créditos
Um novo pedido de vista interrompeu mais uma vez o julgamento do pleno do Tribunal de Impostos e Taxas (TIT) de São Paulo sobre a validade do Comunicado 36 da Coordenadoria de Administração Tributária (CAT) do Estado. O comunicado proíbe o uso de créditos de ICMS pelos contribuintes paulistas que compram produtos de empresas instaladas em estados que oferecem incentivos fiscais não aprovados pelo Confaz. De acordo com o Valor Econômico, o novo adiamento já preocupa os advogados que temem que o processo não seja julgado até o fim do ano, quando acaba o mandato de boa parte dos atuais 48 juízes do TIT.

O hálito da Justiça
O colunista Alcemo Gois, de O Globo, informa que o Supremo Tribunal Federal comprou 936 escovas de dente Colgate e 1.008 kits de higiene, com estojo, fio dental e pasta de dente. Pagou R$ 7.535,88.

Sonegação fiscal
De acordo com a Folha de S. Paulo, o governo federal acusa na Justiça o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), seus pais, irmãos e instituições de ensino da família no Estado do Rio e em Minas Gerais de sonegarem pelo menos R$ 75,13 milhões em contribuições previdenciárias e Imposto de Renda. Um dos principais aliados do presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Salgado é co-réu em oito ações de execução fiscal que tramitam na 8ª Vara de Justiça Federal de Niterói (RJ). Os advogados da família alegam "nulidades e vícios processuais".

Erro fatal
Uma testemunha da morte de Jean Charles de Menezes, ocorrida há dois anos no metrô de Londres, disse à Justiça britânica que em nenhum momento o brasileiro foi identificado como o suposto terrorista Hyssain Osman. O depoimento é de um coordenador da equipe de vigilância, identificado como Owen. A informação de que não se tratava do terrorista teria sido passada para a supervisora Cressida Dick, antes dos tiros. Owen disse que a orientação era só para que a equipe de vigilância o parasse. A informação é da Folha.

Prisão revogada
O juiz Wagner Guerreiro, da 5ª Vara Cível de Uberaba (MG), revogou no fim de semana o pedido que determinava a prisão do prefeito da cidade, Anderson Adauto. Ex-ministro dos Transportes do governo Lula, Adauto é suspeito de superfaturar compra de medicamentos para a Secretaria de Saúde do município da empresa Home Care. A ordem de busca na sede da empresa, entretanto, foi cumprida. Oficiais apreenderam computadores, disquetes, CDs e 15 pastas com documentos. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.

Hora do recreio: ao mestre com carinho

Homenagem do Capibaribe aos amigos e colegas professores de todo Brasil. Parabéns!

Câmara aprova nova regra para honorários advocatícios

A Câmara aprovou o PL 5387/05 que permite aos tribunais revisarem por iniciativa própria, em casos de apelação, as custas e os honorários de advogados referentes à condenação judicial. O projeto, de autoria do deputado Michel Temer (PMDB-SP), recebeu parecer favorável do deputado Maurício Rands (PT-PE).

O projeto, que modifica o Código de Processo Civil, elimina a necessidade de interposição de recurso de apelação apenas para discutir os valores de custas e honorários atribuídos pela sentença, permitindo que o tribunal reveja a fixação em todos os seus termos.

De acordo com o Código de Processo Civil, a parte que perde uma causa judicial é obrigada a pagar as despesas e os honorários advocatícios do vencedor. As despesas abrangem não só as custas dos atos do processo como também a indenização de viagem, a diária da testemunha e a remuneração do assistente técnico.

Economia processual
Para o relator, a aprovação da proposta "certamente atenderia ao princípio da economia processual, já que se evitaria a interposição de um recurso de apelação apenas para a discussão dessa matéria". Rands acrescentou que o dispositivo também permitirá à Corte destinatária do processo a redefinição do valor da condenação de acordo com o serviço acrescido na segunda instância.

O parlamentar apresentou um substitutivo ao projeto acrescentando modificações de redação na proposta que não alteraram o sentido original do texto.

Tramitação
O substitutivo ao PL 5387/05, aprovado em caráter conclusivo na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, segue para análise do Senado Federal.

14 de out. de 2007

Che morreu de pé

Documentos inéditos dos arquivos americanos, saídos principalmente das estantes do Departamento de Estado, são fundamentais para a reconstrução da história da fracassada guerrilha liderada por Che Guevara na Bolívia.

Os papéis consolidam algumas versões, derrubam outras, e deixam entrever que, 40 anos depois da morte do líder guerrilheiro, a verdade, para surgir inteira, terá de aguardar a liberação de informações ainda embargadas aos pesquisadores.

Mas já se sabe agora, por exemplo, como foi o cerco militar, armado no dia 8 de outubro, que antecedeu a prisão de Che e de outros guerrilheiros na província de La Higuera, descrito em um longo e detalhado relatório elaborado pelo Exército dos EUA.

O documento, de 28 de novembro de 1967, mostra a versão dos americanos para o momento da execução de Guevara, no começo da tarde de 9 de outubro de 1967. Che não tremeu na hora de morrer com oito tiros de carabina M2, sustenta a insuspeita versão norte-americana: “Saiba que está matando um homem”, disse o prisioneiro para o algoz, um sargento chamado Mario Terán.

Segundo o Exército dos EUA, três soldados – Encinos, Choque e Balboa – “foram os primeiros bolivianos a colocar as mãos em Che”. Nenhum deles falou sobre a reação de Che Guevara na hora da prisão. Não se sabe de onde surgiu a versão de que Guevara pediu clemência aos militares.

Ainda neste relatório do Exército surge uma informação que compromete a versão publicada no livro do agente da CIA, o cubano Félix Rodríguez, no qual ele conta que tentou evitar o assassinato de Che. A proposta teria sido recusada pelo coronel Joaquín Zenteno, comandante militar da região onde o líder da guerrilha foi capturado.

Está anotado no documento: “Zenteno havia deixado ordens para que os prisioneiros fossem mantidos vivos”. “Os oficiais não sabiam de onde provinham as ordens (da execução), mas acreditavam que tivessem sido dadas pelos escalões mais altos do Exército”, diz o relatório do Exército dos Estados Unidos.

É uma suposição. A outra é de que a CIA tramou a execução. Sobre as duas versões há evidências aqui e acolá. Mas não há base factual capaz de sustentar um veredicto final.

Fonte: Carta Capital

CUT-PE lança campanha "Diga não a estas drogas!"

A Central Única dos Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE) aproveita que outubro é o mês do servidor público e, junto com seus sindicatos filiados, lança nesta terça (16), às 9h, no Sindsep-PE (Rua Fernandes Vieira, 67, Boa Vista), a campanha publicitária “Diga não a estas drogas!”. O evento vai ser um café da manhã com a imprensa.

No caso, as drogas são as seguintes: Projeto de Lei 01 (PL01), Emenda 3, Projeto da Fundação Estatal e proibição de greves para o funcionalismo - todas elas iniciativas do governo Lula que, no entender da CUT, prejudicam os trabalhadores privados e os servidores públicos.

No lançamento, serão apresentados cartazes, panfletos,camisas, adesivos, outdoors e chamadas de rádio. A campanha será veiculada na Região Metropolitana do Recife e cidades do interior até o final do mês.

Também estão previstos dois atos públicos de protesto, nos dias 23 e 30 de outubro. O local e o horário ainda não foram definidos.

A campanha “Diga não a estas drogas!” é coordenada pela CUT-PE com a participação de suas entidades filiadas: Sindicato dos Servidores Federais (Sindsep), Sindicato dos Trabalhadores Públicos Federais da Saúde e Previdência Social (Sindsprev), Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal (Sintrajuf ) e Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais de Pernambuco (Sintufepe).

Clipping jurídico

Entrevista com Lula
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o presidente Lula reafirmou que o mensalão não foi provado. “É um processo que começou com uma acusação. Houve um julgamento na Câmara, a acusação do Ministério Público e a aceitação do Supremo para fazer processo investigatório. Nem todo mundo que é indiciado é culpado. Nem todo mundo que não é indiciado é inocente”, respondeu Lula. Questionado sobre uma possível pressão sofrida pelos ministros do Supremo Tribunal Federal e pelo procurador-geral, Lula disse: “não acho que houve pressão. Não acho que uma instituição possa trabalhar sob pressão política. Se essa pressão política é exagerada, ela pode influenciar pessoas, porque os caras são seres humanos. Um ministro do Supremo e um procurador-geral da República não podem ceder à pressão”.

1 a cada 2 mil
Desde o início da atual legislatura no Congresso Nacional, em 1º de fevereiro, até a última quinta-feira (11/10), os parlamentares apresentaram 2.161 projetos de lei, mas apenas um deles foi transformado em lei, segundo levantamento feito pelo site G1. Das proposições apresentadas, a única que virou lei foi a do líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (RN), que alterou a Lei 9.096, de 1995, para estabelecimento do critério de distribuição do Fundo Partidário.

Posse imediata
O Jornal do Brasil informa que o Ministério da Justiça vai encaminhar ao Congresso um conjunto de leis propondo que o governo possa tomar posse imediata de bens e recursos originários da corrupção, lavagem de dinheiro e do tráfico de drogas.

Indenização da vaca
Um hotel fazenda de Jaboticatubas (51 km de Belo Horizonte) terá de indenizar uma hóspede que foi atacada por uma vaca, em junho de 2004, durante uma caminhada no local. O Tribunal de Justiça de Minas fixou a indenização em R$ 12 mil, por danos morais, e R$ 5.258,51, por danos materiais. A informação é da Folha.

Jean Charles
A comandante da Scotland Yard que ordenou que os oficiais atirassem contra o brasileiro Jean Charles de Menezes sabia que ele não era um dos terroristas procurados pelos ataques frustrados de 21 de junho de 2005, segundo reportagem publicada no jornal britânico Daily Telegraph. Segundo o relato de uma testemunha à Justiça Britânica, a informação havia chegado à comandante “algum tempo” antes da ação da polícia que culminou na morte do brasileiro.

Poluição tributária

13 de out. de 2007

Clipping jurídico

Tropa de elite
Os jornais informam que a Justiça Militar do Rio decidirá se o cineasta José Padilha, diretor do filme Tropa de Elite, terá de depor à Corregedoria da Polícia Militar, afirmou na sexta-feira (12/10) o corregedor da PM do Rio, Paulo Roberto Paúl. A corporação quer apurar a participação de policiais no filme. Segundo ele, Padilha foi chamado como testemunha porque tem dado entrevistas sobre a PM. "Ele tem o direito de fazer o filme do jeito que quer e não vai depor? É a Justiça Militar que está atuando. Isso não é brincadeira, não é ficção."

Denúncia rejeitada
O Estado de S. Paulo reporta que o Superior Tribunal de Justiça rejeitou, por maioria de votos, a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal contra dez pessoas por supostas irregularidades em processo de licitação no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, em São Paulo, em 2004. O caso foi submetido à Corte Especial do STJ porque entre os denunciados estava a ex-presidente do TRT Maria Aparecida Pellegrina.

PT-PSDB
A Folha de S. Paulo informa que o publicitário Valter Eustáquio Gonçalves, 55, indiciado pela Polícia Federal no inquérito do valerioduto tucano de Minas em 1998 sob suspeita de lavagem de dinheiro, também atuou no esquema investigado no inquérito do mensalão, diz a PF. O valerioduto tucano, segundo a PF, foi operado por Marcos Valério para ocultar a origem e o destino de ao menos R$ 28,5 milhões em recursos ilícitos que financiaram a campanha de 1998 à reeleição do então governador e atual senador Eduardo Azeredo (PSDB) e de aliados.

Estatística do aborto
Um estudo mundial mostra que as taxas de aborto são parecidas entre países onde a prática é legal e onde é ilegal. O trabalho, realizado em conjunto pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Instituto Guttmacher, de Nova York, indica que a proibição do aborto não inibe sua prática, segundo nota do Estadão.

Sem celular
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), sancionou projeto de lei que proíbe os estudantes de usar telefone celular nas escolas nos horários de aula. A medida foi publicada sexta-feira (12/10) no "Diário Oficial". A informação é da Folha.

Julgamento de ex-premiê
As agências de notícias internacionais informam que a Suprema Corte do Paquistão determinou sexta-feira (12/10) que cabe ao órgão decidir sobre a legalidade do decreto que anistiou a ex-premiê Benazir Bhutto. A anistia, concedida pelo ditador Pervez Musharraf, é parte de uma delicada negociação pelo apoio do PPP, liderado por Benazir, nas eleições legislativas previstas para janeiro. A decisão não impede o retorno de Benazir, anunciado para 18 de outubro. Ela poderá, porém, ser presa se o tribunal determinar a nulidade do ato que cancelou os processos contra a ex-premiê.

Caso Pinhochet
A France Presse informa que a Corte Suprema do Chile ordenou na sexta-feira (12/10) a abertura de uma investigação para apurar se o juiz Carlos Cerda — que pediu a prisão da viúva do ditador Augusto Pinochet (1915-2006), de seus cinco filhos e de mais 17 pessoas sob acusação de corrupção — cometeu falha disciplinar. A atuação do juiz no caso tem sido questionada. A mais recente controvérsia envolve a viagem de Cerda aos EUA para receber um prêmio pelo trabalho em nome dos direitos humanos.

Adeus, Senhor dos palcos

Paulo Autran e o Poema das Sete Faces de Carlos Drummond de Andrade. Clique na imagem acima.

Al Gore e o aquecimento global

Muito além da dogmática jurídica...

Continua em discussão o papel do profissional de direito na sociedade! Muitas faculdades direcionam seus cursos de direito para apenas garantir a aprovação dos seus estudantes no exame da OAB

Em recente entrevista na Rádio CBN, o professor Evandro Menezes de Carvalho (coordenador do curso de direito da Fundação Getúlio Vargas e ex-aluno da Faculdade de Direito do Recife) criticou as faculdades que se preocupam em formar “técnicos em direito” e utilizam a prova da OAB como parâmetro único de avaliação do ensino oferecido aos seus estudantes.

Para o professor Evandro Menezes de Carvalho, o “bom advogado é aquele que além do conhecimento da dogmática jurídica tem comprometimento ético e consciência da função social do direito”.

Ouça
aqui a entrevista completa.

Leia aqui o artigo do professor Evandro Menezes de Carvalho sobre o Exame da Ordem e a qualidade do ensino jurídico no Brasil.

12 de out. de 2007

Fiscais do trabalho retomam as atividades após senadores questionarem a autuação da Fazenda Pagrisa por trabalho escravo

Clipping jurídico

Sessão marcada
O Tribunal Superior Eleitoral adiou para terça-feira (16/10) o julgamento da Consulta feita pelo PRTB e pelo PT sobre a possibilidade de senadores, prefeitos, governadores e presidente da República perderem seus mandatos em caso de infidelidade partidária. O presidente do TSE, Marco Aurélio Mello, havia dito que só faria a sessão se todos os ministros estivessem presentes. Como esta sexta-feira é feriado, alguns ministros já não estavam em Brasília na quinta. Por isso a decisão de adiar o julgamento. A informação é do Estadão.

São Paulo F. C.
Os jornais informam que a Justiça Federal determinou que 20% da quantia arrecadada nas bilheterias em jogos do São Paulo até o final do Campeonato Brasileiro sejam bloqueados para o pagamento de dívidas com o INSS — que somariam R$ 4.595.672,36, mas os dirigentes do clube garantem que a decisão da juíza Ana Lúcia Jordão Pezarini foi precipitada e será revertida nos próximos dias.

STF avança
Apesar de achar que o Supremo Tribunal Federal deve legislar, o senador José Sarney (PMDB-AP) escreve artigo na Folha afirmando que o tribunal deve prosseguir no avanço de outros temas depois da reforma feita com a fidelidade. “Para que a fidelidade partidária seja efetiva, é necessário que o TSE examine o devido processo legal no funcionamento dos partidos, suas prestações de contas, sua democracia interna, sob pena de sua decisão atingir o contrário do que deseja: não fidelidade aos eleitores, mas obediência cega ao mandonismo pessoal”, escreve.

Alimentos trangênicos
A Justiça Federal no Paraná proibiu a CTNBio de liberar novas variedades de alimentos transgênicos para comércio. A decisão, que é preventiva e vale para todo o país, foi provocada por descumprimento do órgão a uma liminar de junho, envolvendo o milho transgênico Liberty Link, da Bayer Crop Science. Apesar da liminar, a CTNBio liberou o milho MON 810, da Monsanto. A informação é da Folha.

Tropa de elite
Os jornais noticiam que a Polícia Militar do Rio de Janeiro intimou e ameaçou prender, em caso de falta, o diretor do filme Tropa de Elite, José Padilha, e o co-roteirista e ex-capitão do Bope Rodrigo Pimentel. O Inquérito Policial Militar foi aberto pela Corregedoria da PM para apurar se policiais atuaram no filme e se usaram armas e equipamento do Estado nas filmagens. No entanto, orientados a "ignorar a intimação" pelo próprio governador do Rio, Sérgio Cabral, Padilha e Pimentel informaram que não vão depor.

Odete na Prefeitura do Recife


O empresário do prazer Oscar Maroni (dono da Boate Bahamas) lançou sua pré-candidatura a Prefeitura de São Paulo pelo PTdoB. Maroni disse que se for prefeito pretende administrar a cidade como se administra uma empresa. “A minha postura é uma postura de um candidato com uma visão administrativa da nossa cidade empresarial”, disse Maroni.

Dentro da mesma "visão administrativa", o blog do Capibaribe apresenta como opção a candidatura da empresária Odete Ferreira (dona da Maison D´Odete) para Prefeitura do Recife em 2008. Odete que já pensa em concorrer a uma vaga na Câmara de Vereadores de Jaboatão dos Guararapes tem simpatia pelo PMDB - mesmo partido de Renan Calheiros (aquele que entre outras coisas revelou Mônica Veloso para o mundo). O slogan já está pronto: Recife, com prazer.

Al Gore e Rajendra Pachauri ganham Prêmio Nobel da Paz

Os vencedores do Prêmio Nobel da Paz 2007 são o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, e seu presidente, o indiano Rajendra Pachauri, escolhidos pelo comitê norueguês do Nobel.

Nova sede do TRF-1 custará quase meio bilhão de reais

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região vai construir uma sede que custará aos cofres públicos R$ 498,5 milhões. O complexo de quatro prédios, que terá uma área de 169 mil metros quadrados, foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Além dos gabinetes e plenários, o conjunto contará com sala para os motoristas dos desembargadores, sala para os advogados, área de lazer e centro cultural. A obra só estará concluída em 2015.

O tribunal justifica a obra dizendo que o TRF da 1ª Região abrange 80% do território brasileiro e deve julgar 68 mil causas no próximo ano. No entanto, esse volume é menor que as 75 mil ações analisadas pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região - que reúne Rio de Janeiro e Espírito Santo. Nem por isso esse tribunal terá uma sede suntuosa. Ao contrário, a nova sede, que também será construída, custará R$ 115,3 milhões, quatro vezes menos do que a obra de Brasília.

Perto de onde ficará a sede do TRF há outra obra em curso, também com orçamento elevado. Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vão abandonar o prédio onde estão atualmente e mudarão para um de R$ 330 milhões, também desenhado por Niemeyer. A obra já foi classificada como problemática pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que, em seu relatório enviado no mês passado ao Congresso Nacional, identificou restrições ao caráter competitivo da licitação e sobrepreço em alguns itens.

Para 61% dos juízes paulistas a legislação penal no Brasil é branda

O risco que as novas tecnologias podem trazer ao convívio social, ao meio ambiente e à saúde da população, por ainda ser desconhecido, gera angústia. Muitos dos pensadores da Justiça Criminal no mundo inteiro entendem que, ao invés de esperar pelas conseqüências, é preciso tomar medidas de prevenção. Nasce daí o Direito Penal do Risco, que acredita na expansão de punições para a defesa de bens jurídicos da sociedade como um todo, muitas vezes, em detrimento dos direitos individuais do cidadão.

Essa tendência já chegou ao Brasil e parece direcionar a forma de pensar dos juízes, ao menos, de mais de uma centena de juizes que atuam no Fórum Criminal da Barra Funda em São Paulo. Desses juízes, 85,4% acreditam que o Direito Penal deve expandir seu campo de abrangência aos novos bens jurídicos ameaçados, apostando na Justiça Criminal como forma de combater a criminalidade.

A inclinação à defesa de uma política criminal rigorosa, baseada na penalização e na criminalização de condutas, fica clara quando 61,9% desses juízes concordam, no todo ou em parte, que a legislação penal brasileira é excessivamente branda. Ao mesmo tempo, entendem que a aplicação de penas alternativas e as medidas de despenalização de certas práticas previstas na Lei 9.099/95 também colaboram para aumentar a eficiência do sistema penal.

Os dados são resultado da pesquisa “Visões de Política Criminal”, feita pelo Núcleo de Pesquisas do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim), entre março de 2006 e agosto de 2007. Participaram da pesquisa, 111 juízes e 27 defensores públicos que atuam no Fórum Criminal da Barra Funda, em São paulo.

A intenção era também analisar a opinião dos membros do Ministério Público. No entanto, a pesquisa ficou prejudicada neste ponto pois houve recusa em bloco de promotores e procuradores, justificada por uma suposta parcialidade da entidade. Isso porque o IBCCrim é associado a movimentos de Direitos Humanos e a juristas contrários à expansão do Direito Penal e com ideais mais garantistas.

De delegado a juiz
Questionado sobre o resultado da pesquisa, o ministro Cezar Peluso do Supremo Tribunal Federal respondeu de forma bem humorada. Espera que seu filho, juiz no Fórum da Barra Funda, não esteja entre os 61,9% que disseram que a legislação penal é excessivamente branda. Brincadeiras à parte, ele observou que o Estado, como titular do monopólio da força, não precisa de processo para punir ninguém.O processo foi criado para garantia dos direitos das pessoas.

“Quando entramos na magistratura somos bons delegados. Passados alguns anos, bons promotores. Só depois nos transformamos em juízes de verdade”, diz. Ele ressalta que a Justiça não é o remédio para a sociedade. Quando se misturam os sentimentos de cidadão com a função do juiz, declara o ministro, o Judiciário passa a ser opressor e deixa de tutelar os direitos do indivíduo.

Gilmar Mendes, vice-presidente do STF, também é contra a idéia de que todos os problemas podem ser resolvidos pelo Direito Penal. “Não podemos criar o chamado Direito Penal Simbólico, que diz que punição será mais grave, mas não traz resultados”, alerta o ministro.

Ele citou a tipificação de crime hediondo para falsificação de cosméticos, por exemplo. Para Gilmar Mendes, a aplicação de uma Legislação Simbólica, que pune de forma exagerada, não é eficiente. O ministro lembra que há um avanço no Judiciário no sentido da adequação da criminalização. Isto é, quando se depara com incongruências normativas, não aplica.

Prisão
Questionados sobre os efeitos estigmatizantes da pena de prisão sobre o indivíduo, 51,2% dos juízes discordaram da crítica, no todo ou em parte. Essa posição se mostra contrária àquela defendida pelo Direito Penal Mínimo, que recomenda a prisão só para os casos em que o infrator oferece graves riscos à paz social. E mais ainda, à corrente dos abolicionistas, para quem a detenção é um mal que não traz nenhum resultado positivo no combate à criminalidade, muito menos para a pessoa que comete o crime.

Outro dado constatado pela pesquisa é que a maior parte dos juízes concordam com a afirmação de que a pequena criminalidade deve ser reprimida da mesma forma que aquela considerada mais grave, uma vez que os dois tipos estão associados. A idéia de punir crimes leves com medidas civis ou administrativas também é descartada por mais de 50% dos juízes pesquisados.

Defensoria pública
No geral, os defensores públicos pesquisados mostraram tendência a ser menos punitivistas em suas opiniões acerca da política criminal do que os juízes. 83% deles não concordam, em todo ou em parte, com a afirmação de que a legislação é excessivamente branda. E 60% dos defensores não concordam com a ampliação do raio de proteção do Direito Penal a novos bens jurídicos e a situações de risco.

Por outro lado, segundo a pesquisa, mesmo entre defensores menos punitivistas, há indicações de que concordam com o endurecimento da legislação penal como estratégia de política criminal. Apenas 15,8% dos defensores disseram discordar, no todo ou em parte, da afirmação de que a expansão do Direito Penal pode vulgarizá-lo e torná-lo ineficaz.

“Os defensores pesquisados, demonstraram, se não a inversão da tendência anti-repressiva por parte desse grupo profissional, ao menos maior grau de divergência interna, se comparadas às demais questões nas quais as respostas por parte de defensores foram mais uniformes e coesas”, conclui o estudo.

Poder das instituições
Juízes e defensores concordam com a afirmação de que a falta de aparelhamento do Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria e da Polícia dificulta a aplicação efetiva da legislação penal (97,6% dos juízes e 100% dos defensores). Eles também concordam que é preciso uma adequação da estrutura de suas próprias instituições para atender à demanda de atuação na área criminal.

No entanto, discordam em relação ao poder de atuação do Ministério Público na fase do inquérito policial. Entre os juízes, 56,1% admitem a coordenação e presidência do MP nas investigações. Apenas 21,1% dos defensores acreditam nessa possibilidade.

Quando perguntados sobre a possibilidade de o Ministério Público realizar investigações paralelas às da polícia judiciária, 70% dos juízes concordaram no todo ou em parte com essa hipótese, e 63,2% dos defensores discordaram, total ou parcialmente.

Diante de todos esses números, o grupo de pesquisadores do IBCCrim, chegou à conclusão de que os operadores da Justiça Criminal parecem pressionados pela urgência de agir imposta pelas condições de trabalho e também pela imensidão dos problemas sociais. “E, assim, dada à urgência e à magnitude, mesmo sob o risco de vulgarização e ineficácia, ainda aprovam a expansão do Direito Penal a novos riscos sociais e condutas reprováveis, embora encontrem entre seus pares vozes dissonantes que insistem em não transigir à expansão de um mal necessário.”

Na opinião do pesquisadores, as números revelam que “as estratégias de reforma da legislação penal e processual penal baseadas exclusivamente no debate teórico entre “garantistas” e “defensores da sociedade” encontram seu limite na distância que separa a prática da teoria, e dessa forma, os teóricos e os práticos do direito”.

Veja aqui a pesquisa.

Crise faz Renan se afastar da presidência do Senado

Isolado por antigos aliados e no limite da pressão política, Renan Calheiros (PMDB-AL) licenciou-se ontem da presidência do Senado por 45 dias. Em pronunciamento feito na TV, disse querer se defender dos processos que enfrenta no Conselho de Ética sem ser acusado de uso do cargo. O afastamento ao qual Renan, 52, relutava até ontem à tarde foi resultado de ampla costura envolvendo líderes dos principais partidos, amigos do senador e o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB). O Palácio do Planalto chancelou a saída, considerada fundamental para diminuir a tensão na Casa e iniciar as negociações para votar a prorrogação da emenda da CPMF. A partir de segunda-feira, o primeiro-vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), assume a cadeira de Renan. Ele disse ter como primeira missão "pacificar" a Casa.

Tempos modernos

10 de out. de 2007

A verdade que os Democratas escondem...

Pesquisa mostra o DEM (ex-PFL) como o partido mais corrupto do Brasil

Brasil tem 17 mil normas tributárias em vigor

O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) elaborou um estudo mostrando que desde a promulgação da Constituição, em 1988, foram criadas quase 296 mil normas tributárias. Dessas, 17,2 mil estão em vigor.

O estudo, intitulado "Quantidade de normas editadas no Brasil: 19 anos da Constituição", revela que as três esferas de poder (federal, estaduais e municipais) editam em média 50 normas por dia para regulamentar ou modificar os 62 impostos, taxas e contribuições cobrados no País. Ainda segundo a pesquisa, no período de 19 anos a carga tributária aumentou 76%, passando de 20% para 35,2% do Produto Interno Bruto do Brasil.

Cresceu em percentual e também no número de tributos. Em menos de duas décadas as empresas e assalariados foram brindados por uma enxurrada de novas siglas: Cofins, Cide, CIP, CSLL, PIS Importação, Cofins Importação, ISS Importação e, claro, a CPMF que o governo tenta prorrogar atualmente. A contribuição surgiu há 14 anos, como provisória, e hoje é responsável pela arrecadação anual de quase R$ 40 bilhões.

A conclusão do estudo é óbvia. Não há no mundo legislação tão sistemática e complexa como a brasileira.De acordo com a pesquisa, as instituições precisam acompanhar de perto aproximadamente 3,2 mil normas tributárias, do total de 17,2 mil que estão em vigor no país. Isso significa que os funcionários responsáveis por esse controle têm que ler com atenção 55.767 artigos, que diariamente podem ganhar acréscimos, serem revogados ou substituídos.

Veja
aqui a íntegra da pesquisa.

Fonte: Blog do Jamildo

STF processa primeiro recurso totalmente eletrônico

O Supremo Tribunal Federal recebeu o primeiro recurso extraordinário integralmente eletrônico. Seu processamento inicial começou no Juizado Especial Federal do Distrito Federal e todas as fases de sua tramitação se deram em ambiente eletrônico, sem utilização de papel.

O relator do recurso eletrônico no STF é o ministro Carlos Ayres Britto, que se demonstrou satisfeito em ser o primeiro ministro da Corte que irá decidir uma ação que tramitou eletronicamente desde o início. O ministro disse, em sua análise, que o processamento é simples. “É uma questão de ligeira adaptação no manejo do computador”, declarou Ayres Britto.

O recurso terá sua decisão, monocrática, publicada eletronicamente e poderá ser objeto de Agravo Regimental, também via internet. O ministro declarou que o Judiciário inaugura uma nova cultura, digital, sinalizando que no futuro todos os processos serão iniciados e decididos até a última instância de forma eletrônica.

“A Justiça chega à conclusão que, para fazer bem o seu papel, tem que acabar com os processos de papel”, afirmou Britto.

Parceria com o TRF-1
Para a presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, desembargadora federal Assusete Magalhães, fator decisivo para a implantação do processo eletrônico na Justiça Federal foi o empenho pessoal da ministra Ellen Gracie ao implementar a Lei 11.419/2006.

De acordo com a desembargadora, o tribunal foi parceiro do Supremo desde junho de 2007, quando a ministra Ellen Gracie presidiu a distribuição de 22 Recursos Extraordinários eletrônicos, 21 deles vindos do próprio TRF-1. “Ambas as iniciativas são históricas porque representam um marco no esforço do Poder Judiciário na busca da eficiência desejada por toda a sociedade brasileira.”

Para o Secretário de Tecnologia da Informação, Paulo Roberto da Silva Pinto, a mudança esperada com a implantação da certificação digital do processamento eletrônico pode ser medida em tempo e dinheiro. Ele citou como exemplo a forma como chegava ao Supremo um recurso eletrônico do TRF-1: “era preciso materializar esse processo, já que o STF não poderia recebê-lo de forma digital. Imprimir, colocar capa, etiqueta, grampos, uso de malotes etc”.

Paulo Pinto lembrou que, em 2006, circularam pelo STF 680 toneladas de papel, com um tempo longo para a manipulação desse montante de documentos. “A partir de agora, o tempo eletrônico e o custo diminuirão drasticamente”, finalizou o secretário.

Fonte: Consultor Jurídico.

9 de out. de 2007

Juízes querem mudar a Lei de Execução Fiscal

Os juízes federais já estão mobilizados para apresentar uma proposta de alteração da Lei de Execuções Fiscais, porque, segundo eles, o atual modelo não está sendo eficaz na cobrança das dívidas.

Só na Justiça Federal da 3ª Região (São Paulo e Mato Grosso do Sul) existem cerca de 439, 4 mil processos em tramitação, enquanto que outros 533 mil estão encerrados ou suspensos por não se conseguir localizar o devedor ou seus bens. Uma situação ainda pior é enfrentada na 2ª Região (Rio de Janeiro Espírito Santo) no qual há 179 mil processos de execução fiscal em tramitação, contra 216 mil encerrados ou suspensos.

O texto final com as propostas de alteração deve ser encaminhado ao Congresso até o final do ano ou no máximo no início do ano que vem, segundo o presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais) , Walter Nunes .

De acordo com Nunes, a lei não tem colaborado para que esses processos de execução tenham sucesso na cobrança.

"Temos um número excessivo de ações de execuções judiciais sem êxito. As ações estão suspensas por não localizar os devedores e seus bens. Não é papel do Judiciário ficar em busca dos bens para que a decisão seja cumprida", afirma.

O problema se dá principalmente por conta da complexidade prevista em lei para a execução destes processos, que demoram muito a serem executados, segundo o juiz. Estima-se que o tempo médio de uma execução fiscal seja de três a cinco anos.

"Há uma distância temporal muito grande entre a origem do débito e a execução, o que prejudica a localização de bens e devedores ", afirmou.

As alterações
Um dos aspectos que deverão ser alterados é como poderão ser indicados os bens que serão executados. A idéia, segundo Nunes, é que o próprio credor possa indicar os bens do devedor como já ocorre administrativamente por conta da Lei de Execuções de Títulos Extrajudiciais, em vigor desde o início deste ano. Outras propostas que agilizem o processo também deverão ser estudadas pela comissão.

Além de a lei não ter mais eficácia, Nunes destaca que há muitos processos de execução estocados. "Tramitam na Justiça Federal cerca de 2,7 milhões de execuções fiscais., ou seja, cerca de 25% do total de ações, o que é um percentual absurdo.

Obstáculo para citação
A idéia de propor alterações na Lei de Execuções Fiscais, em vigor desde 1980, já está sendo há muito tempo cogitada pelos juízes. A deliberação para que fossem encaminhadas as propostas ao governo partiu no seminário sobre Execução Fiscal em Vitória (ES) , na semana passada. Os juízes deverão criar uma comissão que apresentará um pré-projeto no XXIV Encontro Nacional dos Juízes Federais do Brasil, promovido pela Ajufe, no final de outubro.

Entre os problemas gerados pela antiga lei lembrados no encontro de juízes está a dificuldade para fazer a citação de devedores e encontrar seus bens e a escassa estrutura da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional).

Entre as propostas existentes está a formação de uma rede de informações patrimoniais, a necessidade de um planejamento estratégico para a Justiça Federal e a PGFN e a informatização de todo o andamento processual, como já existe em algumas varas.

Um sistema integrado com informações patrimoniais facilitaria, segundo os juízes, na hora de localizar os bens dos devedores, e ajudaria a evitar o alto número de processos suspensos

Foco das modificações
O principal foco de modificação deve ser o artigo 40 da Lei de Execução Fiscal n° 6.830, de 22 de setembro de 1980.

O dispositivo estabelece que "o juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos, não correrá o prazo de prescrição".

Além disso, o parágrafo 2° do mesmo artigo diz que "decorrido o prazo máximo de um ano, sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos autos".

Estes dispositivos seriam os principais obstáculos para que a execução prossiga.Os juízes federais já estão mobilizados para apresentar uma proposta de alteração da Lei de Execuções Fiscais, porque, segundo eles, o atual modelo não está sendo eficaz na cobrança das dívidas. Só na Justiça Federal da 3ª Região (São Paulo e Mato Grosso do Sul) existem 439, 4 mil processos em tramitação, e outros 533 mil estão encerrados ou suspensos por não se conseguir localizar o devedor ou seus bens.

Uma situação pior é enfrentada na 2ª Região (Rio de Janeiro Espírito Santo), em que há 179 mil processos de execução fiscal em tramitação, contra 216 mil encerrados ou suspensos.

O texto final com as propostas de alteração deve ser encaminhado ao Congresso até o final do ano ou no máximo no início do ano que vem, segundo o presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais), Walter Nunes: "Temos um número excessivo de ações de execução sem êxito"
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Fonte: Última Instância

Cursos de direito com avaliação baixa devem apresentar justificativa ao MEC

O ministro da Educação, Fernando Haddad, informou que termina esta semana o prazo para que os cursos de direito, cujos resultados no Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) e no Exame Nacional da Ordem não foram satisfatórios, apresentem explicações e possíveis soluções para o baixo desempenho dos alunos. Nesta segunda-feira (8/10), durante sessão do conselho federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Haddad e o presidente da entidade, Cezar Britto, aproveitaram para informar como está o andamento dos processos de supervisão dos 89 cursos de direito que obtiveram notas baixas nos dois processos de avaliação.

“As instituições têm 10 dias para se manifestar sobre os dados do Enade, que são preocupantes. Essa mesma notificação prevê que a instituição, já na sua resposta, proponha algumas medidas saneadoras, isso se ela entender que é o caso, ou então que justifique os resultados. Elas devem responder até o final da semana. Portanto, a partir da próxima semana, o MEC processará as respostas”, explicou Haddad.

O ministro informou ainda que a Secretaria de Educação Superior vai montar um grupo de especialistas para analisar as respostas e, eventualmente, encaminhar para uma equipe de supervisão. Essa medida só será necessária se o MEC não concordar ou não estiver satisfeito com as providências que a instituição pretende tomar voluntariamente. Todos os 89 cursos de direito que receberam notas baixas foram notificados, por escrito, sobre os resultados das avaliações. As correspondências foram emitidas com aviso de recebimento, para evitar qualquer problema de comunicação entre o MEC e as universidades.

Segundo o ministro, o objetivo dessa iniciativa é assegurar a supervisão e a aproximação com as entidades para que possam qualificar o ensino jurídico. Dos 89 cursos, 37 receberão atenção especial, por terem apresentado resultados mais baixos.

O presidente da OAB defendeu que seja preservado o que ele considera como objetivo central do ensino superior: o direito do estudante. Ele afirmou ainda que a entidade espera que as instituições respondam a notificação e se ajustem, no sentido de adequar as vagas, corpo docente e infra-estrutura.

“Esperamos que a qualidade prevaleça, não podemos permitir que aquele estudante que se matricula na instituição de ensino pensando na ascensão social não consiga lá se formar e perceba que seu diploma não serve pra nada”, avaliou Britto.

“Nós queremos aumentar a qualidade de imediato. Queremos que mais estudantes passem no exame da Ordem. Queremos mais advogados qualificados. Nós não estamos preocupados com o mercado, mas com o cidadão que é vítima da ganância de vários empresários que resolveram investir no saber como se fosse uma atividade mercantil”, disse o presidente da OAB.

Em casos de cursos de má qualidade comprovada, a legislação permite ao ministério o poder cautelar de suspender imediatamente o vestibular ou ainda ordenar a transferência de alunos para outras instituições.

Justiça bloqueia bens de Raul Jungmann

A juíza Federal Iolete Maria Fialho de Oliveira, da 16ª Vara da Justiça Federal no DF, determinou a indisponibilidade de veículos e o bloqueio de aplicações financeiras do deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE, foto acima). A decisão atende ao pedido cautelar feito pelo MPF-DF (Ministério Público Federal no Distrito Federal).

Também tiveram os bens bloqueados o servidor do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Almir Freitas de Souza, e o sócio-proprietário da empresa Agnelo Pacheco Criação e Propaganda, Agnelo de Carvalho Pacheco.

A decisão busca garantir o ressarcimento ao erário caso os réus sejam considerados culpados e condenados na ação civil pública proposta pelo MPF-DF em agosto de 2007.

A ação pede a anulação do contrato de publicidade firmado entre o Incra e a empresa de publicidade de Agnelo Pacheco e o ressarcimento ao erário dos valores pagos indevidamente. Nesta ação, Jungmann é processado para ressarcir a União. Os demais réus que participaram do esquema são processados também por improbidade administrativa.

De acordo com a Procuradoria Geral da República, este contrato, realizado em 2001, foi irregularmente feito sob a rubrica de dispensa de licitação. Na época, o contrato vigente entre o Incra e a empresa Casablanca Comunicações e Marketing não foi renovado, uma vez que o mesmo continha várias irregularidades e já era objeto de investigações da própria auditoria do órgão.

Assim, o Incra contratou, por dispensa de licitação, a empresa Agnelo Pacheco Criação e Propaganda, que subcontratou a empresa RRN Comunicação e Marketing. O valor total do contrato foi de R$ 2.340.000. A justificativa utilizada pelo órgão foi de que a contratação ajustava-se às regras de situação emergencial.

Fim do voto secreto é barrado na Câmara de Vereadores do Recife

O projeto que institui o fim do voto secreto na Câmara Municipal do Recife foi barrado ontem (08/10) pelos vereadores. Assim que defendeu a idéia na tribuna do Legislativo, o autor da matéria, Jurandir Liberal (PT), foi duramente criticado pelos colegas, que acusaram o petista de jogar para a “platéia”. A pressão surtiu efeito e a votação foi cancelada, uma vez que o projeto foi transformado em emenda ao regimento interno da Casa a pedido dos parlamentares críticos à iniciativa.

Na prática, significa que a matéria será discutida por uma comissão de revisão do regimento interno, que será formada hoje à tarde. No entanto, não há prazo para a análise e votação da proposta, caso ela seja aprovada pelo grupo. O projeto do vereador petista prevê que todo o processo de votação da Casa seja aberto, incluindo os vetos aos decretos do prefeito e a escolha da mesa diretora. O sistema atual não permite que o eleitor saiba como o vereador votou nas sessões plenárias. “Ninguém admite isso nos dias de hoje”, defendeu Liberal, que precisaria de 22 votos favoráveis para ganhar a disputa. Segundo ele, a proposta foi apresentada em novembro de 2006, mas acabou adiada porque “a Câmara” entendeu que a idéia não poderia entrar em vigor em forma de projeto de lei.

Nos bastidores, comenta-se que alguns vereadores seriam reticentes ao voto aberto porque isso iria mantê-los em choque com o Executivo em caso de veto a uma proposta do prefeito. Nenhum vereador da bancada do PT manifestou publicamente apoio ao projeto de Liberal. Cotado para ser o presidente da comissão que vai analisar a emenda, o vereador Carlos Gueiros (sem partido) revelou-se um dos principais opositores do projeto e chegou a ironizar Jurandir Liberal: “Vossa excelência fez um discurso afinado, mas está consciente de que perderia a votação, caso ela acontecesse”, criticou Gueiros, que acusou Jurandir Liberal de “fazer média com a imprensa”, que acompanhava a sessão em bom número.

Apenas o 1º secretário da Câmara, João Arraes (PSB), disse publicamente que é a favor do voto aberto, exceto nos casos de veto ao prefeito do Recife e na escolha da mesa diretora, da qual ele mesmo faz parte. “É muito natural que esse projeto passe por uma análise antes de ir para votação. Por outro lado, para quem está no poder é muito fácil propor isso”, disse Arraes, defendendo apreciação da emenda pela comissão de revisão do regimento interno.

Ainda sobre o Plebiscito da Vale...

Mais de três milhões de votos pela retomada da Vale

Mesmo em um cenário político desfavorável, o plebiscito popular da campanha A Vale é Nossa alcançou um total de 3,7 milhões de votos. Pelo menos 24075 urnas – artesanais ou não – foram organizadas em 3157 cidades brasileiras. Os números foram divulgados pelas organizações sociais nesta segunda-feira (dia 8).

Há alguns anos, não se via uma consulta à população de caráter massivo, organizada a partir da mobilização de militantes sociais das mais distintas forças políticas. Em torno da campanha, estão articuladas organizações como a CUT, a UNE, o MST, a Intersindical e a Conlutas.

Dos participantes, 94,5% disseram “não” a uma Vale do Rio Doce (CVRD) nas mãos do capital privado. Para isso, o governo Lula e o Poder Judiciário precisam reconhecer as ações populares que colocam em xeque a privatização da companhia, realizada em 1997.

Do total de votantes, 2.492.360 milhões também opinaram nas outras 3 questões do plebiscito. E, nelas, mais de 92% manifestaram que o governo federal não deve seguir pagando a dívida pública em lugar de educação, saúde, etc; disseram que os preços da energia elétrica não devem continuar até 8 vezes mais caros para o trabalhador comum em relação a grandes empresas; e, por fim, rejeitaram uma reforma da previdência em andamento que retira direito dos trabalhadores.

O silêncio dos meios de comunicação não abafou a possibilidade de conscientização a partir do trabalho pedagógico do plebiscito. O plebiscito reuniu 101.452 voluntários em todos os estados do país. O estado com maior número de votação foi São Paulo, com 947.648 participações. Bahia, Minas Gerais, Pará, Santa Catarina, quatro estados com atividades da mineradora, além do Rio Grande do Sul, conseguiram mais de 200 mil votos. Paraná, Rio de Janeiro, Ceará e Mato Grosso ultrapassaram os 100 mil votos. O silêncio dos meios de comunicação não abafou a possibilidade de conscientização a partir do trabalho pedagógico do plebiscito.

Ações populares
Os resultados do plebiscito chegam em um momento importante. No dia 10, está previsto que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgue um pedido de reclamação da CVRD que busca extinguir as ações populares que pedem a nulidade da privatização. Com o resultado deste trabalho, as organizações dispõem de mais elementos para pressionar o poder público. Gibran Lachowski, da Assembléia Popula do Mato Grosso, avalia que o plebiscito contribuiu para a superação das lutas corporativas. “Colocou em pauta um assunto conjunto, unitário, que forçou as entidades a conhecerem-se, cederem em alguns aspectos para conseguirem dialogar. Criou um clima de contato diário, de parceria materializada num objetivo visível e que transcendeu as lutas corporativas”, analisa.

Na avaliação de Ricardo Gebrim, da direção nacional do Movimento Consulta Popular, outro aspecto que merece destaque é que as forças populares tiveram sucesso em pautar o tema do plebiscito na sociedade. A iniciativa foi criada a partir da base, seguindo o tempo e o cronograma das organizações sociais. Algo distinto, por exemplo, do momento mais importante das organizações de esquerda neste ano, as mobilizações de 23 de maio, que foi uma forma de resistência contra a agenda imposta pelas elites. “O plebiscito, por sua vez, rompeu a pauta da agenda dominante”, avalia.

Gebrim entende que a construção do plebiscito coincide com a construção de uma plataforma popular. “É fundamental que as forças populares construam uma frente ampla, não se pautando em apoiar ou não o governo, o que responde à lógica eleitoral, mas que estejam pautadas na criação de um projeto popular”, opina.

O resultado numérico do plebiscito da Vale, no entanto, foi inferior ao das duas experiências anteriores; o da Alca (2002) atingiu 10.150 milhões de votos; e o da dívida externa (2000), 6 milhões. Na avaliação de Gebrim, o momento atual traz mudanças no estado de ânimo das pessoas; as forças populares estão dispersas, ou decepcionadas com o atual momento político. “No último plebiscito havia uma esperança e uma confiança maior de que as coisas iriam mudar. Hoje, há amargor e decepção”, ressalta. Outro caráter decisivo, na avaliação dele, foi o crescimento de setores conservadores da igreja, uma instituição que realiza o trabalho de base a partir do tema do plebiscito

Falta de efetivo compromete sistema criminal

O pedreiro Luiz Francisco da Silva Filho passou os últimos 12 anos convivendo com a acusação de ser um assassino. Apontado pela polícia como co-autor de um homicídio ocorrido na Guabiraba, em 1995, somente na última quinta-feira, o pedreiro foi julgado. Seis, dos sete jurados da 2ª Vara do Júri da capital, consideraram Luiz Francisco inocente. Assim como o caso do pedreiro, milhares se repetem anualmente em Pernambuco. A desculpa das autoridades é basicamente a mesma: falta efetivo para que o sistema de justiça criminal deixe de ser tão lento e evite que situações como a do inocente à espera de julgamento se arraste por mais de uma década. O JC levantou o tamanho dessa deficiência e chegou a um valor de R$ 25 milhões a mais por mês (excluindo encargos) para que o Estado chegasse ao número mínimo necessário de servidores para fazer frente à criminalidade.

“Recebi o caso desse rapaz pouco antes do julgamento e pude acompanhar todo o sofrimento e o vexame que ele passou devido a uma acusação sem fundamento. O inquérito foi devolvido pelo Ministério Público à polícia duas vezes e durante mais de uma década um caso simples ficou parado sem julgamento. Por sorte, ele aguardou em liberdade, mas não é raro que ocorram situações de réu preso que perdem anos na cadeia e acabam absolvidos”, ponderou o defensor público José Antônio Melo.

Na 2ª Vara do Júri da Capital, onde o pedreiro Luiz Francisco foi julgado, atua o promotor André Rabelo. Além do júri, o promotor responde por outras três varas. “Um colega dividia comigo o trabalho do júri, mas ele também está acumulando outras varas”, relatou o promotor.

Apesar disso, Rabelo ressalta que este ano foram realizados mais de 90 julgamentos na 2ª Vara do Júri. Pode-se concluir que o número poderia ser o dobro se houvesse dois juízes e dois promotores alternando as sessões de instrução e julgamento.

A estimativa de déficit de pessoal no Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Polícias Civil e Militar, e entre os guardas penitenciários foram fornecidas pelas próprias instituições. A projeção de aumento no valor da folha de pessoal do Estado foi obtida multiplicando o acréscimo de servidores pelo salário base de cada corporação.

Na Polícia Militar, o déficit pode ser exatamente calculado porque está previsto em lei um efetivo de 30 mil homens, para um quadro atual de 17,5 mil. Isso quer dizer que é praticamente outra PM que precisa ser recrutada, treinada e colocada nas ruas para suprir as necessidades do Estado.

O mesmo se pode concluir do quadro de agentes penitenciários. O próprio secretário-executivo de Ressocialização, Humberto Viana, admite que seriam precisos, no mínimo, mais 900 homens (atualmente existem 930) para cobrir todos os postos de vigilância existentes e os novos que estão planejados para ser inaugurados em breve.

“Temos oito mil vagas e 17 mil presos. Estamos trabalhando para diminuir esse déficit e temos os recursos garantidos para abrir mais 1,2 mil vagas em duas unidades. Com isso será preciso ampliar nosso quadro de profissionais em torno de mais 900 agentes”, calculou Viana.

HOMICÍDIOS
Na Polícia Civil, a falta de efetivo é uma deficiência recorrente. No Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), por exemplo, são cinco delegados para dar conta de 484 inquéritos abertos apenas neste ano. Só no 3º núcleo do DHPP, o delegado Gilmar Rodrigues é responsável por 138 inquéritos.

O resultado não poderia ser outro, enquanto o castigo chega a conta-gotas, o crime continua crescendo. De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria de Defesa Social, o último mês de setembro registrou o menor número de homicídios do ano (328). Abaixo dos 352 ocorridos em setembro de 2006.

No entanto, ao analisar o acumulado do ano, a realidade é outra. De janeiro a setembro de 2007 ocorreram 3.473 homicídios em Pernambuco. No mesmo período do ano passado foram 3.364 assassinatos. Um crescimento de 3,2 %.

Todo castigo é pouco!

8 de out. de 2007

Muito obrigado!

O nosso blog foi destaque na coluna Repórter JC do jornalista Paulo Sérgio Scarpa no Jornal do Commércio de sábado (06/10). Agradecemos ao nosso amigo Scarpa pela gentileza e aos nossos amigos e leitores pelas manifestações de apoio e carinho. Muito obrigado!

Che Guevara vive!

"Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros." Che Guevara

Anistiados políticos promovem debate sobre a memória de Che Guevara, com a participação do professor Felipe Gallindo (coordenador do Comitê Che vive, 40 anos!) e da cientista política Anatailde de Paula (filha de Francisco Julião), amanhã (09/10), às 18 horas, no auditório do CFCH, na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE.

Esse evento que marca os 40 anos de sua morte na Bolívia, no dia 09/10/1967, após a sua prisão no dia anterior, tem por objetivo analisar criticamente "a importância política e revolucionária de Che Guevara" na década de 60 e nos dias de hoje.

O que ele ainda representa para as novas gerações e quais foram as suas contribuições para a política e a revolução, na América Latina e outras partes do mundo? Essa e outras indagações serão analisadas nesse encontro promovido pelo Comitê "Che vive, 40 anos!" com o apoio da Associação dos Docentes da UFPE – Sindicato ADUFEPE, Núcleo de Estudos e Debates sobre a América Latina – NEDAL/UFPE, Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicação – MIRIM BRASIL e Associação Pernambucana de Anistiados Políticos – APAP, no Campus da UFPE.

O debate é aberto ao público em geral.

Anatailde esteve asilada em Cuba, junto com os seus outros irmãos (Anacleto, Anatilde e Anatólio) e sua mãe Alexina Crespo de Paula, a partir de 1962, por Julião temer possibilidade de atentados contra a sua família, naquela época de agitação e enfretamento das Ligas Camponesas contra os latifundiários. Era um momento de grande tensão e de incertezas, em todo o Nordeste e, principalmente, em Pernambuco e na Paraíba, onde estavam as duas mais importantes ligas camponesas da região.

Resultado da enquete sobre a legalização das drogas

66% dos leitores do blog são contrários a legalização das drogas! A revista Superinteressante desse mês traz uma reportagem muito interessante sobre a matéria.

O advogado pernambucano Raul Bradley da Cunha nos enviou um excelente artigo (publicado abaixo) sobre a opção de legalizar ou não as drogas em nosso país.

Agradecemos a todos pela participação! Novas contribuições e comentários serão sempre bem vindos.

A enquete dessa semana traz a seguinte pergunta: VOCÊ CONCORDA COM A DECISÃO DO STF DE QUE O MANDATO PERTENCE AO PARTIDO POLÍTICO?

O resultado será divulgado na próxima segunda-feira, 15/10.

Artigo: Drogas – Legalizar?

Raul Bradley da Cunha

Visitando este blog vi a pesquisa posta aqui ao lado questionando se sou a favor da legalização das drogas. O questionamento, evidentemente, diz respeito às drogas hoje consideradas ilícitas.

Passei a refletir sobre o tema, sobre o qual já tive opiniões diversas e hoje, com uma filha praticamente pré-adolescente encontrei-me totalmente sem resposta.

Recentemente ouvi uma piada que se aplica bem ao tema e piadas quando se relacionam à realidade em nosso entorno sempre resultam em boas reflexões.

João, dirigindo seu carro em alta velocidade, passou por um sinal vermelho e imediatamente depois foi parado por um fiscal de trânsito que perguntou: O Senhor não viu que o sinal estava vermelho? Ao que João respondeu — O sinal eu vi, não vi foi o Senhor!

Quando se fala em drogas como em muitos outros grandes temas a grande questão que se põe é a da hipocrisia reinante. Qualquer interessado em estudar nosso Direito percebe que somos um país em que a legislação não é levada a sério. Escolhemos que leis vamos cumprir. Nossas classes mais favorecidas começam deseducando seus filhos parando o carro no meio da rua para que eles desçam na escola porque não há vagas por perto para estacionar ou porque estão com pressa. Passamos no sinal vermelho, atravessamos fora da faixa de pedestres ou paramos em local proibido se não houver fiscalização. Isso é mais grave nas nossas classes mais favorecidas, uma vez que sendo instruídas deveriam servir de exemplo, mas pelo contrário, utilizam-se do descumprimento recorrente da lei como sinal de poder.

Quando os filhos das classes mais altas começaram a ser presos e processados por consumo de drogas a máscara da hipocrisia ruiu em parte e chegamos ao ridículo quadro atual em que deve ser punido rigorosamente quem comercializa, mas deve haver benevolência com quem consome drogas ilícitas.

É totalmente absurda nossa legislação quando pune com rigor o tráfico, mas praticamente exime o usuário de drogas de punição. Não há tráfico sem usuário nem usuário sem comércio. A grande questão é que não podemos continuar como estamos. Diante da nossa legislação o aparelho estatal impedido de punir o consumo está "enxugando gelo", pois a cada dia cresce mais impunemente o número de usuários. Ou se fortalece o combate ao consumo, inclusive punindo os usuários vez que é para estes que existe o tráfico, ou se legaliza de vez a produção, industrialização e comércio de drogas hoje consideradas ilícitas, com um controle estatal rígido.

Nunca fui usuário de drogas ilícitas não por falta de oportunidades ou por preconceitos contra quem as usa, minha “caretice” foi fruto da consciência de que através do consumo eu estaria estimulando e bancando o tráfico e todos os crimes que são praticados para garantir os lucros dos traficantes.

Excluindo-se a norma atual cuja contradição entendo ser causadora do problema do crescimento do tráfico, o questionamento deve ser enfrentado sob o seguinte prisma: qual o mal maior?
a) Legalizar o Tráfico decorrente do uso indiscriminado e rezar para que com a legalização a criminalidade dele decorrente (corrupção, homicídos, assaltos, etc) se acabe;
b) Aumentar o rigor da punição aos usuários que hoje na prática impunemente financiam o tráfico (e tudo de ruim que o acompanha).

Entendo que cada homem tem direito escolher ser ou não usuário de drogas, como tem direito de fumar ou não, de comer muito açucar... Como dizem os antigos o veneno está na dose e não na substância. Contudo, qualquer escolha que se fizer redundará no problema do déficit do aparelho policial e da cultura de nossa sociedade. Se a polícia for eficiente e formos educados para cumprir as leis não precisamos mudar a legislação. Não há tráfico ilícito com aparelho repressor (polícia, MP e Judiciário) eficientes.

Pelo pouco que conheço do nosso país, contudo, não vejo saída a curto prazo senão pelo maior rigor na criminalização do consumo e pelo fortalecimento do aparelho policial não necessariamente nessa ordem.

Assim nenhuma das respostas da pesquisa me contenta, pois mantido o aparelho policial atual não basta ser contra a legalização para reduzir o tráfico é necessário ser favorável a uma mais rigorosa criminalização do consumo. Da mesma forma legalizar o tráfico sem um aparelho estatal que controle eficazmente a produção e comercialização transformaria o país num paraíso de bandidos.

Independentemente da legalização ou não das drogas hoje consideradas ilícitas o que falta em nosso país é antes de tudo o cumprimento da Lei vigente e o combate eficaz aos que a descumprem, e isto não acontecerá com o trabalho isolado de legisladores, policiais, promotores ou juízes.

É preciso que a sociedade como um todo participe tanto cometendo menos pequenos delitos, quanto denunciando e censurando aqueles que os cometem, educando seus filhos para cumprirem as leis e quando discordarem dela lutarem democraticamente para sua modificação.

Reflitamos sempre.

Raul Bradley da Cunha é advogado e professor universitário em Pernambuco.

Justiça nega vínculo de emprego a “flanelinha”

A 12ª Câmara do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 15ª Região (Campinas) negou provimento a recurso ordinário impetrado pela família (esposa e dois filhos) de um guardador de carros falecido que trabalhava em São José dos Campos (SP).

Os autores pretendiam ter reconhecido o vínculo de emprego do trabalhador com uma imobiliária e outras quatro empresas. A decisão mantém sentença da 4ª Vara do Trabalho de São José dos Campos, que julgou improcedente a ação.

Os recorrentes argumentaram que, por meio do depoimento da testemunha por eles apresentada, foi comprovado que a relação mantida pelo guardador de carros, profissional popularmente conhecido como “flanelinha”, e as reclamadas preenchia todos os requisitos previstos no artigo 3° da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), caracterizando o vínculo empregatício.

Alegaram ainda que os fundamentos da sentença de primeira instância são frágeis, pois se pautaram pela ausência de exclusividade (os serviços também eram prestados a quem estacionasse na rua) e em uma eventual ausência de pessoalidade na prestação dos serviços (o guardador era substituído por sua esposa, fato que, segundo os autores, teria ocorrido raríssimas vezes).

Em suas contra-razões, as recorridas afirmaram que o “flanelinha” era trabalhador autônomo. Ele guardava carros nas proximidades dos estabelecimentos das empresas, causando constrangimento aos clientes ao exigir gorjetas. Para evitar esse problema, segundo alegaram as empresas, foi pactuada entre elas e o guardador uma contraprestação sem qualquer subordinação.

Em seu voto, o relator do acórdão, juiz José Pitas, propôs que a sentença original deveria ser mantida, por considerar que a confissão da viúva, principal dependente do falecido, e o depoimento da testemunha apresentada pelos próprios autores, levaram à conclusão de que, de fato, inexistiu o vínculo de emprego.

A viúva admitiu que chegou a substituir o marido na atividade “por volta de 10 a 15 dias”. Além disso, confessou que, embora os estabelecimentos abrissem às 9 h e fechassem por volta das 18h ou 19h, o falecido começava a trabalhar às 6h45, encerrando suas atividades às 16 h. “Constata-se a incompatibilidade de horário do trabalho com a atividade das reclamadas e a falta de pessoalidade”, concluiu o juiz Pitas.

Por sua vez, a testemunha disse que o trabalhador já tomava conta dos carros estacionados na rua onde funcionam as reclamadas antes de passar a vigiar também, a partir de 2001, os veículos que estivessem nos estacionamentos das empresas, fato confirmado pelos próprios recorrentes, nas razões de recurso.

A testemunha afirmou ainda que as reclamadas não supervisionavam o trabalho do guardador e que este não deixava ninguém mais vigiar os carros estacionados na rua. Confirmou, por fim, que a esposa do trabalhador costumava substituí-lo quando ele não podia comparecer ao local.

Ante as graves conseqüências do reconhecimento do vínculo de emprego, há de se exigir rigor na verificação da subordinação e da pessoalidade, não se podendo reconhecer a relação de emprego do ‘flanelinha’”, decidiu o relator, sendo acompanhado pelos demais juízes da Câmara.

Ao formular seu julgamento, o juiz Pitas considerou como fatores determinantes a possibilidade de o trabalhador ser substituído em suas atividades, a incompatibilidade entre a jornada de trabalho alegada pela viúva do “flanelinha” com o horário de funcionamento das supostas empregadoras e a guarda simultânea dos veículos estacionados em toda a rua e dos que estavam nos estacionamentos das reclamadas.

“Há de se exigir do julgador convicção induvidosa do vínculo de emprego”, advertiu o relator, lembrando que o reconhecimento do vínculo implicaria declarar a prática, por parte das reclamadas, de crime.

Artigo: Choque de gestão e realidade

Aécio Neves

Quando introduzimos a expressão "choque de gestão" no nosso programa de governo em 2002, já tínhamos, na época, uma convicção: um país pobre como o Brasil não pode se dar ao luxo de resumir o debate em torno dos investimentos públicos à quantidade -sempre insuficiente- de recursos. É preciso que a eficiência da aplicação seja levada em conta. Do contrário, continuaremos perpetuando histórias de desperdício e pagando indefinidamente o alto preço da ausência de planejamento.

Nos últimos anos, estimulamos, com insistência, essa discussão. A importância desse debate pode ser medida de várias formas, até mesmo pela intensidade da reação que o tema tem gerado em alguns agentes políticos. O que é uma pena, porque a idéia do choque de gestão é, sobretudo, uma idéia a favor da sociedade brasileira.

A expressão "choque" foi utilizada com uma intenção: transmitir a necessidade da urgência, da intensidade com que estávamos dispostos a realizar as mudanças necessárias para uma maior eficiência na gestão pública. Choque de gestão não é um fim em si mesmo. É, na verdade, o caminho para atingirmos o que todo administrador público busca: a melhoria da vida da população. Sou dos que acreditam que os fins não justificam os meios. Pelo contrário, acredito que os meios acabam por definir os fins.

Em Minas, não demitimos nenhum funcionário concursado. Extinguimos, sim, cerca de 3.000 cargos e funções que podiam ser preenchidos sem concurso público e que serviam a outras razões que não a eficiência do Estado. Os servidores vêm sendo valorizados: depois de anos, passaram a receber em dia, e mais de 100 milhões de reais em direitos atrasados que lhes eram devidos já foram pagos.

O choque de gestão se sustenta em vários pilares que hoje significam paradigmas novos de gestão do Estado no Brasil. Em Minas, todas as áreas responsáveis por serviços públicos sofrem auditoria permanente e de caráter preventivo, complementadas pela chamada auditoria de gestão, que mede o impacto das políticas públicas na realidade.

O Estado já não investe aleatoriamente, mas em um conjunto de projetos estruturadores do processo de desenvolvimento. Cada um deles possui acompanhamento gerencial e pactua um acordo de resultados, quando são definidas metas objetivas.

Nesse contexto, as instituições e servidores são avaliados e o desempenho de ambos determina prêmios por produtividade e a ascensão na carreira, que já incorporou a progressão por escolaridade adicional.

Pela primeira vez no Brasil, há certificação independente (UFMG) para ocupantes de cargos comissionados de planejamento e finanças.

Iniciativas como essas fizeram o Banco Mundial eleger Minas Gerais como o primeiro Estado do Brasil a receber um empréstimo sem a devida contrapartida financeira. A contrapartida oferecida pelo Estado foi o modelo de gestão.

Os resultados concretos aí estão: de um déficit de 2,4 bilhões de reais previstos para 2003, atingimos o equilíbrio em 2004. No próximo ano -administração direta e indireta-, teremos um investimento de 9 bilhões de reais a oferecer aos mineiros.

Minas foi também o primeiro Estado a implantar o ensino fundamental de nove anos em toda a rede pública e a distribuir gratuitamente livros para os alunos do ensino médio. Segundo o Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico, os resultados dos nossos alunos da quarta série do ensino fundamental e do terceiro ano do ensino médio são os melhores do país.

No próximo ano, todos os municípios mineiros terão telefonia celular (412 cidades não tinham); até o final do governo, todos os municípios terão acesso asfaltado (224 municípios não possuíam); 8.500 km de estradas estaduais (MG) já foram recuperados.

Triplicamos a produção de remédios distribuídos gratuitamente e aumentamos de 40 para 75 os medicamentos que compõem a cesta básica. O investimento, que era de 6 milhões de reais, passou para 150 milhões de reais. Em 2003, existiam 5.000 vagas no sistema penitenciário do Estado. Hoje são mais de 15 mil.

É importante que o debate em torno da eficiência da gestão aconteça em nível nacional e que ele envolva a sociedade como um todo. Devemos ficar atentos para não desqualificar esse necessário debate, o que terminaria por camuflar deficiências históricas que precisam ser enfrentadas na administração pública brasileira.

Choque de gestão é isso: gastar menos com o governo e mais com a população.

Aécio Neves , 47, economista, é o governador do Estado de Minas Gerais. Foi deputado federal pelo PMDB-MG (1987-91) e pelo PSDB-MG (1991-95, 1995-99 e 1999-2002) e presidente da Câmara dos Deputados (2001-2002).