
Uma ordem judicial para localizar uma parcela deles, expedida há quatro anos, transformou-se na ante-sala de uma crise anacrônica, resultado de uma transição inacabada desde a promulgação da Lei de Anistia, em 1979.
Instado pela Justiça, o governo Lula tem a missão, agora, de identificar a turma militar metida no sumiço dos guerrilheiros. Na verdade, é uma lista conhecida pelas entidades de familiares de desaparecidos políticos e pode ser acessada em sites da internet. Torná-la um documento oficial será uma prova de fogo.
Embora a chegada do PT ao poder tenha causado muita expectativa entre entidades de defesa dos direitos humanos, os primeiros anos do governo Lula foram razoavelmente decepcionantes nessa área. Nos últimos quatro anos, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), o Palácio do Planalto não economizou esforços para reverter uma ação judicial impetrada, há 25 anos, por familiares de 22 guerrilheiros desaparecidos no Araguaia.
Trata-se de gente morta pelas Forças Armadas, entre 1974 e 1975, em operações clandestinas montadas para combater o foco de guerrilha rural organizado pelo PCdoB contra o regime militar na região do Bico do Papagaio (entre Tocantins, Pará e Maranhão).
Somente no mês passado o governo decidiu não mais recorrer de uma decisão da juíza federal Solange Salgado, expedida em 2003, que o obriga a abrir os arquivos militares sobre todas as operações no Araguaia e informar, em 120 dias, onde estão os restos mortais dos 22 guerrilheiros.
Os militares envolvidos serão formalmente identificados e, em seguida, convocados a falar sobre o assunto. É coisa nunca vista no Brasil. Na Argentina e no Chile, as ditaduras foram mais sanguinárias, mas as transições para o regime democrático, mais bem resolvidas.
Veja aqui a lista dos militares envolvidos no combate à guerrilha.
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