Você tem medo da arte contemporânea? Muita gente tem, já disse o crítico e curador Fernando Cocchiarale. Seja por desconhecimento, conservadorismo, gosto ou referencial estético, ainda é raro no Brasil o público que arrisca ir a um museu ou uma galeria para conferir a produção de artes visuais cujos suportes e idéias são os mais inesperados possíveis. Atuando na contramão da apreciação convencional desse tipo de criação, começa amanhã a sexta edição do Spa das Artes – Recife 2007, evento municipal que leva ao espaço urbano, até o dia 30, o que não estamos acostumados a ver no dia-a-dia.
No próximo sábado (22/9), a Praça do Arsenal da Marinha será invadida por pequenos soldados pára-quedistas que carregam lembranças de outrora. Na quarta (19/9), o Núcleo Itinerante de Arte Contemporânea (Umlangaio) vai da Av. Conde da Boa Vista até o Pátio de São Pedro com a performance Procuro-me, que prega em postes e muros um anúncio de um homem perdido, em busca de si mesmo. Na sexta (21/9), Daniel Aragão apresenta, na Praça da Independência, a videointervenção Solidão pública, com projeção de imagens em tempo real dos transeuntes que aceitarem vender por 3 minutos sua solidão a R$ 3, defronte de uma câmera. Isso só para citar algumas ações da programação do Spa, que conta com cerca de 100 atividades até o dia 30.
Mas será que, passados cinco anos do evento, o Recife já está preparado para encarar tudo isso com naturalidade? O JC foi esta semana às ruas do Centro, onde a maioria das atividades acontece, para conversar com a população a respeito do Spa (Alguns bate-papos podem ser conferidos no quadro ao lado). Em termos gerais, é possível afirmar: o estranhamento vai continuar sendo o comportamento mais comum na recepção dos trabalhos experimentais.
“Esse estranhamento no espaço público é importante para se construir uma relação entre as pessoas e a produção artística. Em alguns momentos, é preciso criar esse choque, fugir da rotina”, pontua João Roberto Peixe, secretário de Cultura do Recife. A pasta é responsável pela realização do evento, ao lado da Sociedade de Amigos do Mamam. O investimento foi de R$ 229.699,05, sendo 100 mil do orçamento municipal e o restante de patrocínio.
A quebra na rotina é importante, sim, mas é preciso que sejam criadas novas estratégias de divulgação do evento, ainda que o elemento surpresa ainda seja um atrativo para os artistas do Spa. Não é exagero afirmar que quase ninguém sabe do que se trata. Até os taxistas desconhecem a iniciativa. O vendedor de coco Moisés Joaquim da Silva, por exemplo, trabalha há três anos na entrada do Pátio de São Pedro, um ponto de apoio das ações, e nunca ouviu falar em Spa das Artes. Tudo bem, isso envolve a formação cultural de cada um, mas o Spa atua onde não há distinção entre gostos e classes sociais. Seria interessante se pensar a respeito.
Segundo Márcio Almeida, coordenador geral da edição 2007, o Saldão do Spa, no dia 29, vai envolver um debate sobre o assunto, no Prédio Ocupação (Bairro do Recife), base do evento este ano. Enquanto as avaliações não vêm, opções gratuitas pela cidade não vão faltar: de oficinas a intervenções urbanas.
Veja aqui a programação completa.
No próximo sábado (22/9), a Praça do Arsenal da Marinha será invadida por pequenos soldados pára-quedistas que carregam lembranças de outrora. Na quarta (19/9), o Núcleo Itinerante de Arte Contemporânea (Umlangaio) vai da Av. Conde da Boa Vista até o Pátio de São Pedro com a performance Procuro-me, que prega em postes e muros um anúncio de um homem perdido, em busca de si mesmo. Na sexta (21/9), Daniel Aragão apresenta, na Praça da Independência, a videointervenção Solidão pública, com projeção de imagens em tempo real dos transeuntes que aceitarem vender por 3 minutos sua solidão a R$ 3, defronte de uma câmera. Isso só para citar algumas ações da programação do Spa, que conta com cerca de 100 atividades até o dia 30.
Mas será que, passados cinco anos do evento, o Recife já está preparado para encarar tudo isso com naturalidade? O JC foi esta semana às ruas do Centro, onde a maioria das atividades acontece, para conversar com a população a respeito do Spa (Alguns bate-papos podem ser conferidos no quadro ao lado). Em termos gerais, é possível afirmar: o estranhamento vai continuar sendo o comportamento mais comum na recepção dos trabalhos experimentais.
“Esse estranhamento no espaço público é importante para se construir uma relação entre as pessoas e a produção artística. Em alguns momentos, é preciso criar esse choque, fugir da rotina”, pontua João Roberto Peixe, secretário de Cultura do Recife. A pasta é responsável pela realização do evento, ao lado da Sociedade de Amigos do Mamam. O investimento foi de R$ 229.699,05, sendo 100 mil do orçamento municipal e o restante de patrocínio.
A quebra na rotina é importante, sim, mas é preciso que sejam criadas novas estratégias de divulgação do evento, ainda que o elemento surpresa ainda seja um atrativo para os artistas do Spa. Não é exagero afirmar que quase ninguém sabe do que se trata. Até os taxistas desconhecem a iniciativa. O vendedor de coco Moisés Joaquim da Silva, por exemplo, trabalha há três anos na entrada do Pátio de São Pedro, um ponto de apoio das ações, e nunca ouviu falar em Spa das Artes. Tudo bem, isso envolve a formação cultural de cada um, mas o Spa atua onde não há distinção entre gostos e classes sociais. Seria interessante se pensar a respeito.
Segundo Márcio Almeida, coordenador geral da edição 2007, o Saldão do Spa, no dia 29, vai envolver um debate sobre o assunto, no Prédio Ocupação (Bairro do Recife), base do evento este ano. Enquanto as avaliações não vêm, opções gratuitas pela cidade não vão faltar: de oficinas a intervenções urbanas.
Veja aqui a programação completa.
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